Estácio e as Silvas

Poesia flávia, Estácio e as Silvas em 5 ideias

No século I d.C.

Estácio nasceu em Nápoles por volta do ano 45 d.C. O seu período de actividade coincide com o da dinastia dos imperadores Flévios (Vespasiano, Tito, Domiciano), que se extingue no ano 96, com o assassinato de Domiciano. Nesse ano também deixamos de ter notícias sobre Estácio. Quase toda a sua vida se situa em Roma.

Como nasce um grande poeta

Estácio é filho de um poeta e importante professor de língua e literatura gregas (tão importante, que poderá ter instruído o imperador Domiciano). Esta circunstância é importantíssima: Estácio terá gozado de uma educação particularmente primorosa e teria acesso a uma biblioteca particularmente rica. A língua materna de Estácio era o grego.

O que são as Silvas?

As Silvas consistem em cinco livros de poemas que cantam ocasiões importantes da vida de Estácio e dos seus patronos: louvam as suas sumptuosas villas, descrevendo-as; assinalam casamentos e nascimentos, choram mortes. Entre os dedicatários dos poemas encontra-se o imperador Domiciano, celebrado pela imponência da sua estátua equestre, pelo seu 17.º consulado, pela majestade do seu palácio no Palatino, pela novíssima Via Domiciana. Encontramos nas Silvas deuses envolvidos nas ocasiões celebradas, um rio que fala, um Hércules ajudando a construir o seu novo templo, a Sibila de Cumas, um herói dos tempos da República regressando da escuridão da morte, um itinerário da baía de Nápoles (tão bela quanto fértil de cultura). A obra é de tal modo original, que desafia qualquer classificação de género (e tornou-se mesmo um novo género, no Renascimento).

O que escreveu Estácio além das Silvas?

Estácio compôs duas épicas: a sangrenta Tebaida trabalha o mito de Édipo (que casou com a mãe e matou o pai) e dos seus filhos; a inovadora Aquileida quis narrar a vida de Aquiles, mas ficou incompleta, cantando apenas a infância do herói ao cuidado do centauro Quíron e os seus tempos na ilha de Ciros disfarçado de menina. Não chegaram até nós o mimo Agave (forma teatral) e um poema sobre as campanhas militares de Domiciano.

E os poetas contemporâneos de Estácio?

Chegaram até nós outras épicas flávias: as Argonáuticas de Valério Flaco (o mito dos Argonautas e da paixão trágica de Jasão e Medeia) e as Guerras Púnicas de Sílio Itálico (sobre a segunda guerra entre Roma e Cartago, 218-201 a.C.). Juvenal compôs sátiras, vivas e sarcásticas, documento inestimável sobre a Roma flávia. O mesmo se poderia dizer dos quinze livros de epigramas de Marcial, o “rival” de Estácio na composição de poesia breve. O acervo de obras perdidas é gigantesco, quase inestimável.


Bibliografia:


A área Antiguidade Clássica: Textos em Contextos do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa organizou o colóquio “Editing and commenting on the Silvae“, que reuniu pela primeira vez os mais importantes editores e comentadores daquela obra de Estácio, proporcionando um debate, ao mais alto nível, sobre o texto das Silvas.

Para mais informações: website
Email: centro.classicos@letras.ulisboa.pt